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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Está de férias?Recomendamos que assistam ao filme"A pequena Jerusalém"

"A Pequena Jerusalém" mistura religião, sexo e filosofia.


Por Frank Scheck



NOVA YORK (Hollywood Reporter) - Este trabalho de estréia da cineasta francesa Karin Albou trata de vários temas importantes, entre eles as intersecções entre sexo, religião e filosofia, mas o faz da maneira mais minuciosa possível.


Descrevendo os complexos relacionamentos físicos e emocionais que acontecem entre os membros de uma família judaica ortodoxa que vive num subúrbio francês apelidado de "Pequena Jerusalém", por sua grande população judaica, "A Pequena Jerusalém" é um filme que possui estilo e faz observações argutas, mas que, em última análise, não resulta em grande coisa.


A personagem principal é Laura (Fanny Valette), uma bela estudante de filosofia de 18 anos que está mais interessada em estudar Kant do que em buscar romance em sua vida. Ela vive com sua irmã mais velha, Mathilde (Elsa Zylberstein), e o marido desta, Ariel (Bruno Todeschini), homem religioso e devoto, além dos quatro filhos do casal e da mãe das duas irmãs (Sonia Tahar), uma imigrante supersticiosa.



As partes principais da trama seguem Mathilde, que estuda as leis judaicas para melhor conseguir satisfazer os desejos eróticos do infiel Ariel, e Laura, que inicia com relutância uma relação com Djamel (Hedi Tillette de Clermont-Tonnerre), imigrante muçulmano argelino.



Embora Albou, que também assina o roteiro do filme, tenha criado personagens e situações interessantes que conduz com estilo visual confiante, "A Pequena Jerusalém" exerce impacto surpreendentemente amorfo sobre o espectador.



Com seu ritmo lento e sua sutileza possivelmente excessiva, o filme nunca chega a realizar plenamente todo o potencial de seus elementos temáticos. Apesar das performances bem texturizadas do elenco e da direção fotográfica maravilhosa de Laurent Brunet, "A Pequena Jerusalém" se evapora da cabeça do espectador enquanto ele ainda está assistindo ao filme.

(cinema.uol.com.br)

A mulher na Filosofia...Como explicar a sua ausência?




Falar em história das mulheres é algo um tanto novo no meio acadêmico brasileiro, mas a questão, aos poucos, vem tomando corpo e invadindo espaços variados de investigação. Maior novidade ainda é falar nos temas "mulheres", "gênero" e "feminino" como conceitos, o que remete ao campo próprio da filosofia. O significado desses termos tem plena atualidade filosófica e crítica. Em primeiro lugar, as mulheres são um tema ou mesmo um tópos de uma história da filosofia escrita por homens. É raro encontrar um filósofo que não tenha se ocupado da questão sempre tratada na intenção da delimitação do lugar do humano em sua relação com as mulheres. Enquanto tema, e em segundo lugar, elas são um assunto que entrelaça motivos políticos, estéticos e metafísicos. É nesse território que aparece o conceito do feminino. Os filósofos homens tentaram construir uma geografia onde situar o feminino que, como símbolo, é o locus específico eleito para as mulheres, para definir sua natureza e ditar-lhes uma lei, uma inscrição no universo previamente tecido da tradição. Gênero é o termo usado há algumas décadas para falar dessa produção de identidade segundo a cultura, a sociedade e os mecanismo de poder nela envolvidos. Gênero, portanto, para o feminismo, é um conceito crítico. Do mesmo modo, os outros dois conceitos devem ser vistos de modo crítico, considerando o aspecto retórico, a função e o uso que tentam fazer valer a verdade histórica contida na palavra. (...)



A ausência histórica das mulheres da filosofia pode ser explicada de muitos modos. O primeiro motivo a ser levantado é, portanto, o silêncio feminino facilmente observável na um tanto escassa produção de livros e textos. As mulheres filósofas são poucas e de produção quase rara relativamente aos homens. É claro que falo aqui em termos quantitativos. Não é possível dizer que as mulheres escreveram muito para acobertar uma acusação de inferioridade intelectual - argumento que, mesmo comum, não encontraria sustentação -, nem é possível dizer, entretanto, que não escrevessem ou participassem da fundação da tradição da filosofia. É preciso enfrentar a questão do silenciamento. Apenas a desmontagem desse processo histórico, por meio de uma genealogia que procura verificar seus elementos originários sempre presentes e renascentes na atualidade, permitirá compreender, pela via negativa, a verdade oculta na produção do silêncio imposto. As mulheres, é certo, participaram da filosofia, mas pela porta dos fundos, assim como de todos os setores da vida produtiva e ativa das sociedades. A improdutividade das mulheres - que não se esqueça - não pode ser avaliada sem a procura por aspectos que tocam na fundamentação dos movimentos da história. A alegação de que as mulheres tenham sido, ao longo do tempo, seres do silêncio por sua própria natureza ou que, na divisão do trabalho, tenham ficado com as tarefas do corpo, da procriação, da casa, da agricultura, da domesticação dos animais, por questões sempre naturais, perde sua validade. A produção do ideal da "natureza feminina", assim como de uma "natureza do homem" ou mesmo uma "natureza humana" serve à delimitação do humano segundo a utilidade necessária à constituição e ao interesse do poder e seus guardiões. Os filósofos sempre tocaram com essa questão na produção do humano por meio de sua definição. As mulheres sempre representaram mais do que a cultura excluída da cultura, ou da cena dos meios de produção e do conhecimento: as mulheres representam a humanidade excluída da humanidade. (...)



Márcia Tiburi.
Filósofa.
Texto extraído do blog"Mulheres da Filosofia"