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Estudantes de Comunicação Social-Jornalismo em Multimeios Juazeiro-BA

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Conhece-te a ti mesmo

Observe a ilustração acima. Nela, aparece a frase “Conhece-te  a ti mesmo”. Essa máxima, normalmente atribuída a Sócrates, estava inscrita no antigo templo dedicado ao deus Apolo, na Grécia, e indicada o aminho a ser seguido pelos “amigos da sabedoria”.

Leia algumas reflexões dos filósofos Karl Jaspers e Nicola Abbanamo sobre a liberdade, a humanidade e a filosofia.

Quem se dedica à filosofia põe-se à procura do homem, escuta o que ele diz, observa o que ele faz e se interessa por sua palavra e ação, desejoso de partilhar, com seus concidadãos, do destino comum da humanidade.

Karl jaspers





Que podem os filósofos dizer-nos acerca dos problemas que interessam ao homem? Entre esses problemas, o dominante e central é justamente o próprio homem, ou seja, a sua função, a sua natureza, o seu destino. É certo que tal problema nunca desprezado no passado pelos filósofos autênticos. As especulações mais abstratas, que por vezes nos parecem obscuras e fazem-nos sentir perplexos, não nos devem iludir quanto à sua verdadeira natureza. Pode especular-se sobre o Mundo ou sobre o Ser, sobre a Verdade ou sobre a Justiça, podem fazer-se análises minuciosas dos procedimentos cognitivos e das ciências de que o homem dispõe, pode tentar-se determinar o que é o Bem absoluto ou o Mal absoluto, construir teorias monumentais e audaciosas visando responder a todos os problemas do mundo, mas em todos os casos o único destinatários de todas essas especulações é o homem, que nelas procura algumas luzes que o possam orientar na sua vida.

Mas o homem não é apenas o destinatário das filosofias, é também um dos objetos principais cuja natureza as filosofias tentam entender. Toda a filosofia deu na realidade uma cera definição do homem, pondo assim primeiro plano o aspecto que considerou essencial. A definição que surge mais frequentemente na linguagem comum, do homem como ‘animal racional’, foi fornecida pelos filósofos da Antiguidade (Platão e Aristóteles) e reaparece com esta ou aquela acepção em muitas filosofias antigas e modernas. Mas os filósofos não esqueceram aquilo de que todos podemos nos dar conta, ou seja, o fato de o homem não ser racional no mesmo sentido em que o quadrado tem quatro lados e o triângulo, três. A racionalidade é uma característica que os pensamentos, as ações, todos os modos de ser do homem, podem ter ou não ter, porque o homem é livre de pensar e agir à sua maneira. E esta liberdade é a capacidade que ele possui de escolher o seu caminho e de projetar de um ou de outro modo a sua vida (...).

Racionalidade e liberdade significam projeto e escolha na base das possibilidades de que o homem dispõe e que as suas condições de vida lhe propõem. O homem não é omnisciente nem omnipotente e a sua vigilância acerca daquilo que escolhe ser e fazer deverá ser contínua para não inverter a sua racionalidade em erro e a sua liberdade em escravidão.

Nestes aspectos tem insistido a filosofia moderna e contemporânea, ainda que com numerosas incertezas e através de numerosos desvios. São também os mesmos aspectos os que nos deixam compreender melhor, não tanto o homem em geral, na sua natureza e na sua essência imutável semelhante à de uma entidade matemática, mas o homem concreto, esse que cada um de nós sente viver em si próprio e descobre nos outros.



(Nicola Abbagnano. Nomes e temas da filosofia contemporânea. P. 9-11).

Filosofar é preciso, viver é (im) preciso

Quando cruzavam os mares, os antigos navegadores portugueses costumavam cantar: “Navegar é preciso/viver não é preciso”. No título deste texto, fizemos um trocadilho com as palavras preciso e impreciso.


Para tratar do tema liberdade na nossa existência, é interessante fazer esse contraponto. Embora seja apenas uma introdução ao tema, ou seja, a “ponta do fio”, já podemos vislumbrar os horizontes da questão. Afinal, quando nos perguntamos para que ou por que existimos, estamos levantando também outro problema: o que devemos ou podemos fazer de nossas vidas? Não era essa a questão básica do texto “Irmãos”?

Será que somos livres para decidir o que seremos na vida? Ou já estará decidindo, em algum lugar(nos genes, nos planos divinos...), quem somos e o que vai acontecer na nossa vida? Seremos apenas atores, representando papéis escritos por algum autor desconhecido e misterioso, ou atores de nossa própria existência?

Observe que concepções de liberdade diferentes estão envolvidas nas diversas definições de ser humano e do sentido de nossa existência. Que crenças estarão por detrás da expressão tão comum: “Foi o destino que quis!”. Que tipo de destino é esse? Trata-se de um destino criado para ser humano ou pelo ser humano?